Entre o palco e o feed: a nova rotina dos DJs globais.
🎧 Artistas eletrônicos em crise: Joel Corry expõe o peso das redes sociais e o burnout que ameaça DJs e produtores
“Queríamos hits virais, mas perdemos nossa paz”, desabafa o DJ britânico, levantando um debate urgente sobre a pressão digital que domina o mundo da música.
💥 O preço de estar sempre online
O DJ e produtor britânico Joel Corry, conhecido por hits como Head & Heart e Out Out, acendeu um alerta que ecoa por todo o universo da música eletrônica. Em entrevista recente ao jornal The Scottish Sun, o artista revelou que a pressão por visibilidade nas redes sociais, especialmente no TikTok, está levando muitos colegas à exaustão mental e emocional.
“Vivemos em um ciclo interminável de criação de conteúdo. Se não estamos lançando música, precisamos estar postando, reagindo, remixando. Não há mais pausa — e isso está nos destruindo”, disse Corry.
O desabafo do britânico reflete um sentimento que vem crescendo entre DJs, produtores e cantores: o burnout artístico provocado pela necessidade de estar presente, relevante e engajado em todas as plataformas, o tempo todo.
📱 Do estúdio para o feed
Nos últimos anos, o TikTok se tornou um dos principais termômetros do sucesso musical. Uma faixa que viraliza em poucos segundos pode transformar carreiras, mas a lógica do algoritmo impõe um ritmo quase impossível de acompanhar.
Artistas, antes dedicados a longas horas de estúdio, agora precisam planejar trends, cortes de vídeos e estratégias de viralização. Segundo Corry, isso mudou completamente a natureza do trabalho:
“Eu amo produzir, estar no estúdio, sentir a energia da pista. Mas hoje, parte do meu tempo é gasto pensando em qual trecho vai performar melhor no TikTok. Isso muda a forma como criamos.”
A fala do DJ ecoa também em outros nomes da cena eletrônica, como Fred again.., Peggy Gou e Dom Dolla, que já comentaram em entrevistas sobre a dificuldade de equilibrar arte, carreira e a pressão constante das redes.
⚠️ Quando o sucesso vira armadilha
Pesquisas recentes sobre saúde mental na indústria musical apontam um cenário preocupante. Um estudo conduzido pela Help Musicians UK em 2024 revelou que quase 70% dos artistas britânicos relataram sintomas de ansiedade e fadiga relacionados ao excesso de exposição digital e à cobrança por produtividade constante.
“As redes sociais abriram portas, mas também criaram prisões invisíveis. Você sente que, se não posta, desaparece”, resume Corry.
Além do desgaste psicológico, há um impacto criativo claro. Muitos produtores relatam que a busca por hits de 15 segundos — capazes de viralizar — empobrece o processo artístico, reduzindo a liberdade experimental que sempre definiu a música eletrônica.
🔊 Uma geração em busca de equilíbrio
Apesar da crítica, Joel Corry reconhece o poder positivo das redes quando usadas com propósito. “Sem o TikTok, muitos novos artistas não teriam chance de serem ouvidos. O problema é quando o algoritmo dita o que criamos.”
A fala abre espaço para um novo tipo de consciência dentro da cena: artistas que tentam redefinir o sucesso para além do número de visualizações. Alguns produtores estão diminuindo o ritmo de lançamentos, priorizando a qualidade e o bem-estar, enquanto outros criam equipes de marketing digital para aliviar a carga pessoal.
Em paralelo, coletivos e festivais começam a discutir saúde mental na música com mais seriedade — um movimento que pode transformar as estruturas do mercado a médio prazo.
💬 O que isso significa para o futuro da música
O desabafo de Corry pode parecer individual, mas é sintoma de uma transformação profunda na indústria. O que antes era um espaço de criação e performance agora também é um campo de batalha por atenção.
Na música eletrônica, onde a autenticidade sonora sempre foi celebrada, o desafio será equilibrar o som que move a pista com o conteúdo que domina o feed.
“No fim do dia, ainda somos artistas — não influenciadores”, conclui Joel Corry.
E talvez seja justamente essa lembrança simples que a cena mais precisa neste momento: recolocar a música no centro da conversa.
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