Líderes da FDN são exaltados em funk cantado por Mr. Catra
(Por: Fábio Oliveira) No início do funk, Catra cita nomes de ‘Ronny’ e ‘Coquinho’, aliados do narcotraficante João Pinto Carioca, o ‘João Branco’, um dos conselheiros e líderes da FDN. Polícia investiga o caso
Leia também:
Mr Catra recusa conciliação com Val Marchiori, e processo por danos morais será julgado na Justiça
Funkeiro Mr. Catra quer fazer novela de Glória Perez
A reportagem de A CRÍTICA teve acesso a um vídeo do cantor de funk Mr. Catra no qual ele exalta traficantes da Compensa, bairro apontado pela polícia como berço do tráfico de drogas em Manaus. No início do funk, Catra cita nomes de “Ronny” e “Coquinho”, aliados do narcotraficante João Pinto Carioca, o “João Branco”, um dos conselheiros e líderes da Família do Norte, facção que comanda o tráfico no Amazonas.
Os dois nomes citados por Catra são, segundo a polícia, de mandantes de homicídios na cidade e também pistoleiros. Ronny e Coquinho foram presos pela polícia com armas sem registro no mês passado.
Catra já foi enquadrado por ter nas letras de seus raps e funks trechos com apologia ao tráfico de drogas, prostituição e incentivo à violência. Em 2014, ele teve o show cancelado pelo Ministério Público do Paraná.
Vídeo da FDN
No vídeo ao qual A Crítica teve acesso, Catra está sentado e joga versos sobre o bairro da Compensa, dizendo: “osso duro de roer”. Em uma parte, o funkeiro fala que não deve-se meter com a Compensa e que se deve prestar atenção e não pode vacilar. O funk também exalta a facção criminosa como sendo “responsa’ e ‘presença”, além também de incentivar o relacionamento de mulheres com membros da Família do Norte.
O cantor carioca, de 48 anos, é fenômeno em todo o Brasil, onde se apresenta em diversas cidades. Entretanto é polêmico e já foi processado por apologia ao crime. Os dois aliados de João Branco, Ronny e Coquinho, são considerados de alta periculosidade pela Secretaria Executiva Adjunta de Inteligência (Seai).
Eles e mais dois integrantes da facção foram capturados em um condomínio de luxo, na Ponta Negra, e estavam também com veículos blindados, além de pistolas automáticas. A facção é responsável por milhares de homicídios com requintes de crueldade como esquartejamentos dos corpos de seus rivais, o PCC, e é apontada como responsável pela chacina nos presídios do Amazonas, este ano, a segunda maior já registrada no país.
A reportagem entrou em contato com o escritório de Mr. Catra, em São Paulo, e o mesmo informou, por meio de seus assessores, que não tinha ciência de que os nomes citados no funk feito por ele eram traficantes da capital amazonense. A nota enviada diz também que o vídeo foi feito após pedido de uma pessoa que queria que o cantor fizesse rima de funk para amigos. A assessoria não informou o nome da pessoa que encomendou o vídeo.
A assessoria de Mr. Catra informou ainda que a dedicatória da música foi para fãs do cantor.
Questionado sobre os trechos que falam dos “traficas da Compensa” e Família do Norte, a assessoria não respondeu mais.
Polícia vai investigar
Os versos de Mr. Catra devem ser alvos de uma investigação mais detalhada a ser realizada pela Polícia Civil do Amazonas. A informação foi repassada pelo delegado geral adjunto, Ivo Martins.
Segundo ele, o vídeo faz apologia ao crime e o cantor está passivo de punição perante ao Código Penal Brasileiro. “O vídeo demonstra que ele faz apologia sim ao crime e muito mais a alguns criminosos (Ronny e Coquinho) que são por eles citados. Isso por si só denota a prática de infração penal tipificada no art. 287 do Código Penal”, afirmou.
Ainda conforme Martins, a filmagem será encaminhada para o Departamento de Repreensão ao Crime Organizado (DRCO) para início de investigação, que deve ser comandada pelo delegado Guilherme Torres. “Não dá pra afirmar se ele (Catra) tem envolvimento com a facção e isso precisa ser verificado”, destacou. A reportagem procurou o secretário de Segurança Pública do Amazonas, delegado federal Sérgio Fontes, mas não obteve retorno.
Fonte: www.acritica.com
Deixe uma resposta