MC Don Juan diz que sofre preconceito mesmo no auge de sua carreira
(Por:Redação) Compositor desde os 12 anos, ele desponta como um dos artistas mais executados no streaming.
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Criado na comunidade da Cheba, em Interlagos, zona sul de São Paulo, Matheus Wallace Mendonça da Cruz, o MC Don Juan, 20, se tornou uma explosão em visualizações e acessos no atual cenário musical. Compositor desde os 12 anos, ele desponta como um dos artistas mais executados no streaming.
No Spotify, está próximo de atingir a marca de 9 milhões de ouvintes mensais -há 15 dias, o músico contabilizava 7,9 milhões. São quase quatro milhões de seguidores e as músicas mais executadas são “Te Prometo” (109 mi de streams), “Vai Ter que Aguentar” (93 mi) e “Liberdade” (56 mi).
Com “Bipolar”, Don Juan não saiu do primeiro lugar no Top 200 por três semanas, sendo que ainda ostenta a terceira colocação nesta segunda (28), atrás de “Volta Bebê, Volta Neném”, de DJ Guuga, e “Não, Não Vou”, de Mari Fernandez. Continua a frente de nomes como Israel e Rodolffo e Dilsinho.
“Realmente não imaginava alcançar esses números. Chegar a esse patamar só me faz compor mais, cantar mais e criar cada vez mais músicas que possam agradar ao meu público que é fiel e que eu amo tanto. Mas manter essa posição é o mais difícil”, diz ele, que afirma bancar a família desde os 12 anos.
Já no aplicativo Deezer, Don Juan também segue implacável. Subiu 22 posições no ranking Top 100 de artistas mais ouvidos na plataforma em maio, sendo que “Bipolar” e “Liberdade” estão entre as faixas mais ouvidas. Ele também é o funkeiro com mais fãs dentre todos os outros: mais de 680 mil.
E não é apenas sozinho que Don Juan tem brilhado nas paradas. As parcerias também são uma espécie de vício do funkeiro. Ele já atrelou seu ritmo ao sertanejo de Maiara e Maraísa e Tierry, com as músicas “Vai Ter que Aguentar” e “Lockdengo”, respectivamente, e às batidas do DJ Alok com “Liberdade”.
E se depender do músico e do novo contrato dele fechado com a gravadora Warner, mais sucessos devem vir por aí. A empresa investe no segmento e também acaba de assinar com MC Hariel, 23, e é conhecida por apoiar o funk e artistas que começam no gênero, como Anitta, 28, e Ludmilla, 26.
Mas é com outro nome de peso que o MC quer uma parceria. “Sou muito fã da Marília Mendonça. Estive com ela em um show, mas não tive cara de falar sobre isso. Mas trocamos mensagens nas redes sócias… ‘Olá, Marília, vamos gravar? Seria uma honra cantar com você'”, diverte-se o cantor.
Mesmo com o sucesso e o dinheiro que tem ganhado, Don Juan afirma que o preconceito ainda é seu maior inimigo, que aparece em seus passeios por shoppings, por exemplo. “As pessoas não assimilam a quantidade de bens que conseguimos acumular e a condição financeira privilegiada que a carreira nos proporciona”, afirma. Veja trechos editados da entrevista com o funkeiro.
Pergunta – Como é ser o artista mais ouvido do streaming?
MC Don Juan – O crescimento foi rápido e fenomenal. Estou muito feliz e tenho imensa gratidão a Deus por essa vitória. Mas, sinceramente, trabalho desde os 12 anos com a convicção e a certeza do sucesso. Eu sempre acreditei que iria viver da música.
Mas você esperava conquistar números desse tipo?
MCDJ – Realmente não imaginava alcançar esses números. Chegar a esse patamar só me faz compor mais, cantar mais e criar cada vez mais músicas que possam agradar ao meu público que é fiel e que eu amo tanto. Mas manter essa posição de ser o número 1 é o mais difícil.
O que mudou do jovem que começou aos 12 anos para agora?
MCDJ – Eu estreei no funk na comunidade Cheba, em Interlagos, onde eu morava com a minha família. Depois, com 16 anos, fui descoberto pela GR6, a gravadora mais foda do país. Daí em diante foi só sucesso. Foi uma grande evolução pessoal e profissional na minha vida. Uma virada de 180 graus.
Você sempre sustentou sua família? Quais eram as dificuldades?
MCDJ – Eu sustento minha família desde os 12 anos quando fazia shows na comunidade. Morávamos numa casa simples, eu e minha família, com todas as dificuldades de quem está na periferia. Hoje eu agradeço a Deus por ter a condição de poder ter dado uma casa e um carro para minha mãe e fartura para a família toda.
Você sofreu ou ainda sofre preconceito por ser funkeiro?
MCDJ – Com certeza, o funk me deu tudo e nunca vou abandonar esse estilo. Meu público vem da periferia, das massas e eu sempre vou honrá-lo. Sobre preconceito, já sofri muito. Fui discriminado até em shopping center, várias vezes, por ser funkeiro e jovem.
Por que acha que isso acontece?
MCDJ – As pessoas não assimilam a quantidade de bens que conseguimos acumular e a condição financeira privilegiada que a carreira nos proporciona. Muitas pessoas nos tratam “diferente” por ser funkeiro. E o preconceito é constante até na própria música. Mas a gente está quebrando essas barreiras.
Os números que você conquistou te ajudam nesse processo?
MCDJ – Depois que você passa a ser um artista mais conhecido nacionalmente, as coisas começam a mudar um pouco. Mas até hoje tem um certo tipo de preconceito, sim. E a gente vai superando dia a dia.
Você acaba de lançar a música “Lockdengo” com Tierry. Gosta de transitar em ritmos?
MCDJ – Música é música, uma linguagem universal. Os ritmos são apenas formas diferentes de expressão. Conectar o funk a outros ritmos musicais como o sertanejo cria uma nova forma de linguagem, um novo ritmo, uma nova energia. Quebra barreiras e atinge mais pessoas ao mesmo tempo.
Você também gravou com Alok, Maiara e Maraisa, Felipe Araújo. Como parcerias assim te ajudam?
MCDJ – Para fazer o trabalho com alguém eu preciso admirar essa pessoa. Por isso as parcerias têm dado certo e ajudam o Brasil a ter uma música mais forte e diversificada. Sou um artista aberto a novas experiências musicais para trazer o melhor para o meu público.
No YouTube você tem cerca de 3 bilhões de visualizações em seus clipes. Quais são as músicas mais importantes?
MCDJ – A “Oh Novinha” foi uma música que significou uma virada de chave na minha carreira e foi tema da novela da TV Globo “A Força do Querer”. Outra música importante, pessoalmente falando, foi “Vai Ter que Aguentar”, que gravei com minhas amigas Maiara e Maraisa e que teve 128 milhões de visualizações no YouTube. “Bipolar” é a música mais ouvida no país com 42 milhões de acessos no Spotify e 90 milhões no YouTube em 60 dias.
Sonha com novos feat?
MCDJ – Acabei de fechar o contrato de dez anos com a GR6, a maior gravadora de funk do mundo. E a parceria com a Warner também vai agregar muito na minha carreira. Sou muito fã da Marília Mendonça. Estive com ela em um show, mas não tive cara de falar sobre isso. Mas trocamos mensagens nas redes sócias… “Olá, Marília, vamos gravar? Seria uma honra cantar com você”.
Como tem sido a sua quarentena?
MCDJ – Muito produtiva. Aproveitei o tempo sem shows nem viagens frenéticas para compor mais, gravar, estudar. Durante a pandemia, eu lancei duas músicas que alcançaram o Top 5 do Spotify: “Bipolar”, com MC Davi e MC Pedrinho, e “Liberdade”, com o DJ Alok.
Prepara novos trabalhos?
MCDJ – Eu enxergo esse resultado como reflexo da minha evolução musical, do meu esforço diário para entregar o melhor para o meu público. Pretendo, em breve, lançar um DVD e voltar a fazer shows e turnê tão logo seja seguro para todos.
Como era a sua ligação com o MC Kevin, morto ao cair do quinto andar de um hotel no Rio?
MCDJ – Foi muito triste mesmo, sem comentários. Mas aproveito esse espaço para prestar minhas homenagens ao irmão que a vida me deu. Tive a oportunidade de crescer junto com ele sem ter nada e termos conquistado o mundo.
MCDJ – Você também perdeu um filho recentemente [DJ Allana, a namorada, sofreu um aborto]. Como isso mexeu com você?
Meu maior sonho é ter um filho, mas Deus sabe o que faz. No momento certo, tudo vai acontecer.
Você acaba de comprar um apartamento em São Paulo avaliado em R$ 2 milhões. O que representa essa conquista?
MCDJ – É muito gratificante ter comprado esse “apê”. A casa é a maior conquista de uma pessoa. Sou grato a Deus, à minha família e às pessoas que me ajudaram. Mas ainda não tive a oportunidade de morar porque ainda estamos reformando.
Como a família reagiu a esse investimento?
MCDJ – Minha mãe foi pai e mãe desde a minha infância [seus pais são separados]. Antes éramos uma família muito simples e até hoje todos nós trabalhamos, sim. Sonhando sempre.
Fonte: www.noticiasaominuto.com.br
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